FHEMIG em crise: trabalhadores e usuários lutam contra o fechamento de hospitais e a precarização do SUS pelo Governo do Estado de MG
Fechamento de um Hospital inteiro, terceirizações e sucateamento de serviços, ameaçam a rede FHEMIG, alertam trabalhadores e usuários
A Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais (FHEMIG), maior rede de hospitais da América Latina, administrada pelo Governo do Estado de Minas Gerais, enfrenta um cenário crítico com projetos de fechamento do Hospital Maria Amélia Lins, além do sucateamento e terceirização da gestão e de serviços. Essas medidas foram discutidas na plenária do Conselho Estadual de Saúde de Minas Gerais (CES-MG), realizada no dia 13 de fevereiro de 2025, que teve como pauta a situação dos hospitais do complexo de urgência (CHU) da rede: Hospital Infantil João Paulo II, Hospital João XXIII e Hospital Maria Amélia Lins. Trabalhadores e usuários denunciaram a precarização da assistência e o desvio do foco no paciente com exemplos de casos concretos.
Durante a plenária, foram destacadas as consequências graves do fechamento do bloco cirúrgico do Hospital Maria Amélia Lins, apoio do João XXIII na realização de cirurgias ortopédicas, sem funcionamento desde dezembro de 2024. A medida impactou diretamente os usuários do SUS em Belo Horizonte, sobrecarregando outros hospitais, o que desencadeou uma crise nos atendimentos da rede municipal de BH. Além disso, há ameaças de fechamento e terceirização de serviços e hospitais da rede na capital e no interior, o que preocupa profissionais e pacientes.
A assistência farmacêutica também está em risco. O quadro de farmacêuticos e técnicos está defasado, e o concurso público de 2024 não previu vagas suficientes para suprir as necessidades dos hospitais tanto de farmacêuticos quanto de técnicos de nível médio. Soma-se o fato de que desde 2020, farmacêuticos têm sido deslocados de suas funções para elaborar projetos de terceirização, o que tem levado ao sucateamento da assistência farmacêutica. A terceirização da farmácia da Maternidade Odete Valadares, por exemplo, acumula denúncias de má gestão, serviços precários e desvios de medicamentos.
Trabalhadores relataram ainda dificuldade de diálogo com a gestão, além de condições crônicas de assédio moral, precarização das relações de trabalho e falta de recursos humanos e materiais. Apesar das recomendações dos conselhos de saúde e dos protestos dos trabalhadores e usuários, a FHEMIG segue com os projetos de fechamento, terceirização e privatização, colocando em risco a qualidade da assistência no SUS- MG e a vida de milhares de usuários.
*Encaminhamentos da plenária*
Um dos principais encaminhamentos da reunião foi a formação de um Grupo de Trabalho (GT) do complexo de urgência, composto por 3 trabalhadores, 3 gestores (1 de cada hospital) e 6 usuários. O GT terá a missão de acompanhar e propor soluções para os problemas enfrentados pelo CHU. Além disso, a gestão da FHEMIG se comprometeu a retomar as atividades do bloco cirúrgico do Hospital Maria Amélia Lins em março de 2025, bem como garantir o retorno dos trabalhadores aos seus postos e escalas de trabalho.
A situação exige uma revisão urgente das políticas de saúde propostas pelo governo do estado de Minas Gerais, com prioridade para o fortalecimento da saúde pública, universal e de qualidade, com garantia de assistência digna à população.